sábado, 5 de julho de 2025

Estudo liga poluição do ar a mutações genéticas que causam câncer de pulmão

Foto: Ralf Vetterle/Pixabay
A poluição do ar tem relação direta com mutações no DNA que podem causar câncer de pulmão. Um novo estudo, publicado na última quarta-feira (2) na revista Nature, mostra conexão de casos principalmente em pessoas que nunca fumaram.

A pesquisa, a maior análise de genoma completo já realizada nesse contexto, aponta que a exposição prolongada à poluição pode ser tão prejudicial quanto o tabagismo para o desenvolvimento de cânceres pulmonares.

Tradicionalmente, o câncer de pulmão é associado ao tabagismo, sendo a principal causa de mortes entre fumantes. No entanto, uma crescente parcela de casos, aproximadamente 25%, mundialmente, tem sido diagnosticada em pessoas que não têm histórico de fumo. Este fenômeno, ainda pouco compreendido, levou pesquisadores a investigar os fatores que poderiam estar contribuindo para esse aumento.

Análise de casos de câncer de pulmão

A pesquisa, realizada por cientistas da Universidade da Califórnia, em San Diego, e do Instituto Nacional do Câncer (NCI), analisou amostras genéticas de tumores pulmonares de 871 pacientes que nunca haviam fumado. Esses pacientes eram originários de 28 cidades em diversas regiões do mundo, incluindo Europa, América do Norte, África e Ásia. Para a análise, os pesquisadores mapearam o genoma completo das amostras, um processo que permite identificar mutações e padrões genéticos associados ao câncer.

Além disso, os dados genéticos foram cruzados com informações sobre a poluição do ar nas regiões onde os pacientes viviam, com base em medições de partículas finas realizadas por satélites. Isso possibilitou uma estimativa detalhada da exposição a poluentes atmosféricos ao longo do tempo.

Poluição é mais perigosa do que imaginávamos

Os resultados do estudo mostraram uma conexão clara entre os níveis de poluição do ar e a presença de mutações genéticas associadas ao câncer. Algumas dessas mutações são as mesmas observadas em fumantes, o que sugere que a poluição pode ter um impacto genético semelhante ao do tabaco.

"Nossa pesquisa mostrou que a poluição do ar está fortemente associada aos mesmos tipos de mutações de DNA que normalmente associamos ao tabagismo", ressaltou Ludmil Alexandrov, um dos principais pesquisadores do estudo e professor de bioengenharia e medicina celular e molecular na Universidade de San Diego.

Dentre essas mutações, destaca-se o gene TP53, conhecido por ser um "guardião" do genoma. Alterações nesse gene são frequentemente encontradas em fumantes e estão diretamente ligadas ao aumento do risco de câncer.

Os cientistas também notaram uma relação entre a poluição do ar e o encurtamento dos telômeros, estruturas que protegem os cromossomos durante a divisão celular.

O encurtamento dos telômeros é um indicativo de envelhecimento celular e pode aumentar a probabilidade de desenvolvimento de câncer. No caso dos pacientes expostos à poluição, os telômeros estavam significativamente mais curtos em idades mais jovens, um sinal de que a poluição pode acelerar o processo de envelhecimento celular.

Mais poluição, mais mutações

Outro achado importante foi que a exposição a níveis mais elevados de poluição estava diretamente relacionada a um número maior de mutações genéticas. Quando comparados a fumantes passivos, os pacientes expostos à poluição mostraram uma quantidade ainda maior de alterações genéticas, reforçando a ideia de que o ar poluído pode ser um fator de risco significativo.

Por Sbtnews

Haddad defende taxação dos super-ricos durante reunião do Brics

Foto: Divulgação/ Min. Fazenda
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender a taxação dos super-ricos. Em discurso neste sábado, durante a abertura da reunião de ministros das Finanças e presidentes de Bancos Centrais do Brics, no Rio de Janeiro, ele defendeu o apoio do bloco à criação de uma Convenção-Quadro das Nações Unidas para Cooperação Internacional em Matéria Tributária.

“Trata-se de um passo decisivo rumo a um sistema tributário global mais inclusivo, justo, eficaz e representativo – uma condição para que os super-ricos do mundo todo finalmente paguem sua justa contribuição em impostos”, afirmou.

A proposta, segundo o ministro, se insere em uma agenda mais ampla de "reglobalização sustentável" – um novo modelo de globalização que considere, de forma equilibrada, os pilares social, econômico e ambiental. Para Haddad, a atual crise global exige respostas coletivas e coordenadas, e o Brics tem legitimidade para liderar esse processo.

Haddad também relembrou o papel do Brasil à frente do G20, quando encabeçou o lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, e, desde então, manifestou-se “em defesa da tributação progressiva dos super-ricos".

"Já naquele momento, fizemos da defesa do multilateralismo uma marca da presidência brasileira. De lá para cá, essa defesa se tornou urgente. Não há solução individual para os desafios do mundo contemporâneo”, declarou.

Agenda ambiental

Além da reforma tributária internacional, a agenda ambiental também esteve no centro da reunião. Haddad destacou o protagonismo dos países do Brics na elaboração de instrumentos inovadores para acelerar a transição ecológica, com foco na criação do fundo Tropical Forests Forever Facility (TFFF), voltado à preservação das florestas tropicais e ao financiamento de economias de baixo carbono.

A reunião deste fim de semana antecede a 17ª Cúpula de Chefes de Estado do Brics, marcada para os dias 6 e 7 de julho, também no Rio.

Por Sbtnews

SUS oferecerá implante contraceptivo a todas as mulheres em idade fértil

Foto: Reprodução/Instagram

O Sistema Único de Saúde (SUS) vai oferecer o implante contraceptivo subdérmico (embaixo da pele) para todas as mulheres em idade fértil com até 49 anos. A informação foi divulgada na última quinta-feira (3) pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que ressaltou que a medida faz parte estratégia da rede pública de saúde para ampliar o acesso a métodos contraceptivos de longa duração.

Segundo Padilha, o medicamento estará disponível a partir do segundo semestre deste ano.

“A nossa meta é distribuir 1,8 milhão de implantes até 2026, com 500 mil já previstos para este ano. O investimento será de R$ 245 milhões, uma medida importante para garantir que mais mulheres tenham acesso a uma forma de contracepção segura e eficaz”, afirmou Padilha.

Atualmente, o SUS já oferece o Implanon a um grupo restrito de mulheres, como aquelas que vivem com HIV/AIDS, mulheres privadas de liberdade, trabalhadoras do sexo e pacientes em tratamento para tuberculose que utilizam aminoglicosídeos. Com a nova inclusão, o governo federal pretende expandir o acesso ao método, que é considerado uma opção eficaz e de baixo custo a longo prazo.

No mercado privado, o Implanon pode custar entre R$ 2 mil e R$ 4 mil, o que torna o custo do método inacessível para muitas mulheres, especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade.

A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) aprovou na quarta-feira (28) a inclusão do implante contraceptivo subdérmico no SUS.

O processo para a efetivação da incorporação será formalizado por meio de uma portaria, que será publicada pelo Ministério da Saúde nos próximos dias. Após a publicação, o Ministério terá um prazo de 180 dias para concluir a implementação, o que inclui a atualização das diretrizes clínicas, a capacitação dos profissionais de saúde, a aquisição e a distribuição dos implantes.

O que é o Implanon?

O Implanon é um pequeno implante contraceptivo com 4 cm de comprimento e 2 mm de diâmetro inserido sob a pele do braço. O dispositivo libera de maneira contínua 68 mg de etonogestrel, um hormônio que impede a ovulação e altera as condições do colo do útero, dificultando a passagem dos espermatozoides e, assim, prevenindo a gravidez.

Com eficácia superior a 99%, o Implanon é uma opção de contracepção de longa duração, podendo permanecer no organismo por até três anos. Além disso, seu uso contínuo e discreto oferece comodidade e menor chance de esquecimento em relação a outros métodos, como a pílula anticoncepcional.

Vale lembrar que o implante é indicado para a prevenção da gravidez, mas não previne contra Infecções Sexualmente Transmitidas, como HIV, sífilis e hepatite B. Para isso, o preservativo ainda é o método recomendado.

Por Sbtnews

domingo, 22 de junho de 2025

Condições atmosféricas adversas no Sul do Piauí podem baixar umidade do ar a níveis críticos, alerta Defesa Civil

Foto: Web
O Diretor de Prevenção e Mitigação da Defesa Civil do Piauí, Werton Costa, alertou que as condições atmosféricas na porção Sul do Estado podem se tornar desfavoráveis nos próximos dias, com níveis de umidade relativa do ar significativamente abaixo da média para o período.

“As condições atmosféricas podem se tornar adversas nos próximos dias. Os padrões higrométricos ou de umidade relativa do ar estarão bem abaixo da média para o período em praticamente toda a porção Sul do Estado”, explicou Werton Costa.

De acordo com a modelagem nacional utilizada pela Defesa Civil, as áreas mais afetadas serão toda a faixa cerradeira e sertaneja, com o extremo Sul do Piauí apresentando índices de umidade inferior a 30%. O restante da região deve registrar níveis abaixo dos 40% entre os dias 22 e 28 de junho.

O diretor ressaltou a gravidade da situação para a saúde pública, principalmente para crianças e idosos. “Essa condição atmosférica é extremamente danosa à nossa saúde e impacta de forma mais intensa crianças e idosos”, alertou.

Dicas para enfrentar o tempo seco

A Defesa Civil recomendou cuidados essenciais para minimizar os impactos da baixa umidade:

  • Mantenha a casa limpa, evitando o acúmulo de poeira que pode agravar doenças respiratórias.
  • Hidrate-se bem, bebendo bastante água ao longo do dia.
  • Pratique exercícios físicos preferencialmente no início da manhã ou no final da tarde, quando o clima está menos seco.
  • Use umidificadores e mantenha os aparelhos de ar condicionado limpos para melhorar a qualidade do ar no ambiente interno.
Por Izabella Lima - Portal CidadeVerde.com

Irã acusa Trump de traição e diz que qualquer americano é um alvo legítimo após bombardeio

Foto: Reprodução / Redes sociais
O governo do Irã acusou na manhã deste domingo, 22, o presidente americano, Donald Trump, de traição e declarou "qualquer americano" no Oriente Médio um alvo legítimo de retaliação. Horas depois de ter sido atacado pelos Estados Unidos, o Irã calcula como deve responder ao bombardeio das centrais nucleares de Isfahan, Natanz e Fordow, que colocou os EUA diretamente na guerra de Israel contra o país persa.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, disse ter muitas opções para responder ao ataque, que incluem além de retaliações contra alvos americanos na região o fechamento do Estreito de Ormuz, por onde escoa grande parte da produção mundial de petróleo.

Araghchi viajará em breve para Moscou para de reunir com o presidente Vladimir Putin para discutir a crise. "A Rússia é amiga do Irã, temos uma parceria estratégica e sempre nos consultamos e coordenamos nossas posições", disse.

Em uma coletiva de imprensa em Teerã, Araghchi disse que, com o último ataque, Trump "traiu o Irã", com o qual estava envolvido em negociações nucleares, e "enganou seus próprios eleitores", depois de fazer campanha com a promessa de acabar com as guerras eternas dos Estados Unidos.

Araghchi reiterou que o Irã reserva todas as opções para defender seus interesses de segurança e seu povo. Quando questionado se a porta para a diplomacia ainda está aberta, ele disse que "este não é o caso no momento".

"Meu país está sob ataque, sob agressão, e temos que responder com base em nosso direito legítimo de autodefesa", disse ele na coletiva de imprensa.

O aiatolá Ali Khamenei foi levado a um lugar seguro para evitar operações secretas israelenses ou americanas que podem matá-lo e já nomeou sucessores.

Mais cedo, o governo iraniano disse que o país defenderia seu território e segurança "com toda a força e meios" contra o ataque dos EUA, que chamou de "uma violação grave e sem precedentes" do direito internacional.

"O silêncio diante de uma agressão tão flagrante mergulharia o mundo em um nível sem precedentes de perigo e caos", disse o Ministério das Relações Exteriores.

Na TV estatal iraniana, o tom era de indignação após o bombardeio. Um comentarista chegou a dizer que todo cidadão americano ou militar na região é agora um alvo legítimo.

Pouco depois de ter sido alvo do bombardeio, o Irã realizou novos ataques com mísseis balísticos contra Israel. Ao menos 11 pessoas ficaram feridas.

A Agência Internacional de Energia Atômica convocou uma reunião de emergência para discutir o ataque americano ao Irã, mas declarou que não houve vazamento de radiação nos locais bombardeados.

Imagens de satélite obtidas pelo NYT indicam que nos últimos dias os iranianos estavam se preparando para um possível ataque em Fordow, com caminhões sendo vistos deixando a usina.

bombardeio às centrais nucleares com os aviões B-2 e as chamadas bombas "bunker buster", capazes de penetrar as instalações subterrâneas de Fordow e Natanz, ocorreu no começo da noite de ontem (no horário de Brasília) após Trump ter dito na quinta-feira que daria uma chance à diplomacia.

"Concluímos nosso ataque muito bem-sucedido às três instalações nucleares do Irã, incluindo Fordow, Natanz e Isfahan. Uma carga completa de bombas foi lançada sobre a principal instalação, Fordow", escreveu em sua rede social, Truth Social.

Pouco mais de duas horas depois, em breve pronunciamento na noite deste sábado, Trump defendeu os bombardeios: "Ou haverá paz, ou haverá tragédia para o Irã", disse.

Por Estadão Conteúdo - Com agências internacionais

Operação 'Martelo da Meia-Noite': entenda a estratégia dos EUA de ataque ao Irã

Foto: Reprodução / Redes Sociais
Batizada de Martelo da Meia-Noite, a operação que marcou a entrada dos Estados Unidos na guerra contra o Irã envolveu uma estratégia que combinou o uso de submarinos, ataque aéreos preciso, manobras diversionistas e bastante sigilo.

A operação de ataque aos iranianos teve início na madrugada de sexta-feira, 21, para sábado, 22, quando os aviões bombardeiros B-2 decolaram da base de Whiteman, no estado do Missouri.

Os bombardeiros B-2 foram escoltados por caças e contaram com reabastecimento aéreo feito por diversos aviões-tanques posicionados em ambos os lados do Oceano Atlântico.

Segundo o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas americanas, general Dan Caine, a operação ocorreu "com pouquíssimas pessoas em Washington cientes dos detalhes do plano".

O B-2 é uma das plataformas de armamentos estratégicos mais avançadas dos Estados Unidos, capaz de penetrar defesas aéreas sofisticadas e realizar ataques de precisão contra alvos fortificados, como a rede subterrânea de instalações nucleares do Irã.

Antes dos bombardeios do B-2, um submarino norte-americano que fica no Oriente Médio disparou mais de duas dúzias de mísseis Tomahawk contra alvos importantes da infraestrutura.

Os bombardeios tiveram início às 02h da manhã de domingo, 22 (horário local). A Operação Martelo da Meia-Noite envolveu o uso de 75 munições guiadas de precisão, incluindo 14 bombas "bunker buster".

Segundo o New York Times, seis bombardeiros B-2 lançaram uma dúzia de bombas "bunker buster" de 14 toneladas sobre a central nuclear de Fordow. Além dela, foram atingidas as centrais de Isfahan e Natanz.

De acordo com o governo americano, os militares envolvidos na operação já retornaram para os Estados Unidos, e não houve disparos do Irã em nenhum momento. O governo iraniano, no entanto, lançou 30 mísseis contra Tel-Aviv após entrada dos EUA no conflito.

Caine afirmou que ainda é cedo para dizer se o programa nuclear iraniano foi destruído com a operação. Ele também afirmou que, embora a avaliação dos danos finais da batalha leve tempo, a avaliação inicial indica que todos os três locais sofreram danos graves.

Por Estadão Conteúdo - Com Agências Internacionais

domingo, 15 de junho de 2025

Ataque ao Irã não foi nada perto do que virá, diz Israel

Foto: SBT News
A guerra aérea entre Israel e o Irã prosseguiu com violência neste sábado (14), com nova troca de ataque entre os rivais. "O que eles sentiram até aqui não é nada comparado com o que eles receberão nos próximos dias", disse o premiê do Estado judeu, Binyamin Netanyahu.

Antes, a retórica já estava inflamada. "Teerã vai queimar", ameaçou o ministro da Defesa do Estado judeu, Israel Katz, após uma ação na capital adversária ter matado 60 pessoas segundo o governo local.

O regime também confirmou neste sábado a morte de Ali Shamkhani, chefe de gabinete e principal conselheiro do aiatolá e líder supremo, Ali Khamenei. Ele estava internado após ter sido um dos alvos da primeira leva de bombas de Israel, na madrugada de sexta (13).

Houve forte bombardeio à capital iraniana mirando suas defesas aéreas, e um complexo habitacional foi atingido. Explosões atingiram bases militares em todo o país e dois relatos que podem adicionar uma nova dimensão ao conflito: um incêndio em uma refinaria em Tabriz (norte) e explosões num centro de extração de gás natual em Bushehr (sul).

Israel também afirmou ter finalizado a destruição dos sistemas de defesa entre o oeste do Irã e Teerã, abrindo um corredor seguro para suas aeronaves atacarem toda a região.

Do lado iraniano, a retaliação contra a ação iniciada por Israel durou a noite toda. Ao todos, já foram ao menos cinco barragens de mísseis balísticos —as duas primeiras e maiores envolveram cerca de cem armamentos, enquanto as restantes empregaram talvez mais 150, embora o número não esteja claro. Também foram lançados dezenas de drones.

Houve três mortes e ao menos 80 feridos. "Passei a noite no abrigo do prédio, as sirenes não paravam", disse por mensagem Rafi Kummer, um analista de TI de Tel Aviv que na véspera parecia descrente de uma reação tão forte. "Pensei que tínhamos anulado eles no primeiro ataque, mas guerra é isso."

"Se [o líder supremo iraniano, Ali] Khamenei continuar a disparar mísseis na frente doméstica em Israel, Teerã vai queimar", disse em nota o ministro Katz, que faz parte da linha-dura do governo Netanyahu.

Na mão inversa, o governo iraniano prometeu atacar quaisquer potências externas que impeçam sua retaliação, nominalmente os Estados Unidos, o Reino Unido e a França, que por ora apoiam Tel Aviv sem entrar na briga. Há relatos de que americanos auxiliaram a derrubar drones iranianos no mar Vermelho, sem confirmação oficial.
Dois membros da Guarda Revolucionária, principal unidade militar do país, morreram no bombardeio contra uma base no centro do país, de acordo com a agência de notícias Tasnim.

A crise começou na madrugada da sexta (13), quando Tel Aviv lançou um mega-ataque aéreo a 150 alvos no Irã, visando desabilitar o programa nuclear do país, para evitar que os aiatolás desenvolvam a bomba atômica.

Segundo as Forças de Defesa de Israel, duas centrais nucleares principais, em Natanz e Isfahan, foram bastante afetadas e levarão semanas para voltar a operar. Nove cientistas do programa atômico rival foram mortos em ataques de precisão.

Os militares negaram ter agido contra a central de Fordow, como havia dito a mídia estatal iraniana, mas a essa altura a guerra de desinformação mútua já segue a todo vapor.

A noite de terror nos dois países não parece ter data para acabar. Israel modificou sua diretriz de prioridades da guerra que trava contra os rivais regionais desde que o grupo terrorista Hamas, apoiado por Teerã, atacou o país em 7 de outubro de 2023.

O Irã foi adicionado como prioridade do conflito, que tem como frentes a Faixa de Gaza (contra o Hamas e outros grupos), a Cisjordânia (grupos palestinos), o sul do Líbano (Hezbollah, principal preposto do Irã) e o Iêmen (houthis, também apoiados por Teerã).

Desde a fundação da República Islâmica, em 1979, o Irã é adversário existencial de Israel, comprometido a obliterar o Estado judeu. Nunca teve condições militares para isso, contudo, e estabeleceu uma rede de aliados regionais, como o Hamas e, principalmente, o Hezbollah.

O programa nuclear de Teerã sempre foi a carta na manga dos aiatolás para forçar negociações contra as sanções que atingem o país há décadas. Em 2015, Estados Unidos e outras potências costuraram um acordo para trocar a pretensão iraniana de ter a bomba pelo fim das penalidades econômicas.

Durou até 2018, quando Donald Trump saiu do arranjo no primeiro mandato, denunciando-o como enxugamento de gelo por não retirar a capacidade técnica de Teerã de fazer a bomba. Nisso, estava certo: desde então os iranianos aceleraram a produção de material físsil, tendo o suficiente para estimadas seis ogivas.

O país persa anunciou que está pronto para fazer a bomba, mas a volta de Trump à Casa Branca recolocou negociações na mesa, com rodadas diretas entre EUA e Irã. Como o americano mobilizou forças no Oriente Médio e exigiu o fim total do programa iraniano, Teerã disse que não conversaria nesses termos.

A gota d'água foi a declaração da Agência Internacional de Energia Atômica na quinta (12) de que Teerã estava, pela primeira vez em 20 anos, totalmente em violação de seus compromissos de transparência sobre o que faz nas suas centrais nucleares. Em outras palavras, a bomba estava à mão.

Netanyahu atropelou Trump, com seu aval público ao menos, e foi a um ataque temido há semanas por seu impacto humanitário, geopolítico e econômico —o medo de disrupção no mercado de petróleo, centrado na região, já fez o preço da commodity disparar.

Neste sábado, um deputado iraniano, Esmail Kosari, disse que o fechamento do estreito de Hormuz, que liga o golfo Pérsico ao mundo, está sendo considerado. Com apenas 39 km de largura no trecho de maior proximidade do Irã e da península Arábica, a região é um gargalo do escoamento de mais de 30% do petróleo produzido no planeta.

Impopular em casa pela condução da guerra em Gaza e casos de corrupção, o premiê viu uma janela de oportunidade também. O Irã está frágil, com economia e tecido social esgarçados, e viu suas linhas de defesa regionais serem erodidas por Israel nos conflitos do pós-7 de Outubro, particularmente o Hezbollah.

Agora, como disse um diplomata ocidental em Tel Aviv na sexta, "é tudo ou nada". Líderes mundiais têm se mobilizado para tentar de-escalar. Parece otimismo vazio, dada a movimentação militar em curso. A rodada de conversas entre EUA e Irã sobre o programa nuclear, no domingo (15), foi cancelada.

Neste sábado, o papa Leão 14 pediu acomodação. "Em um momento tão delicado, desejo renovar com firmeza um chamado à responsabilidade e à razão", disse no Vaticano, embora a chance de palavras do líder católico de ecoarem em dois Estados norteados por religiões diversas pareça nula.

Por Folhapress